Situada no Largo do Rosário, esta primitiva igreja de telhas toscas e taipas de barro, nasceu de petição que, aos 16 de junho de 1802, a Irmandade dos Pretos da Freguesia da Penha de França dirigiu ao Bispo de São Paulo, suplicando autorização episcopal para a construção de uma capela que, realmente, foi edificada posteriormente sob a direção do Vigário colado Antônio Benedito de Camargo.
Guarda, em alguns detalhes muito antigos, como a porta principal, os retábulos internos, etc.
O documento que referimos figura nos “Autos de Ereção e Patrimônio de Capelas” (Livro 1-1-3 dos Arquivos da Cúria Metropolitana).
Segundo a tradição popular, foi construída por escravos e servia a exercícios religiosos praticados por homens de cor.
Num ligeiro retrocesso, focalizaremos a primeira Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
O dinheiro necessário foi arrecadado por ele durante cinco anos, que esmolou pelo Reino.
Por Lei da Câmara Municipal de 16 de setembro de 1903, foram declaradas de utilidade pública, para o fim de desapropriação, os terrenos e prédios necessários à ampliação do Largo do Rosário, pertencentes à Irmandade.
Pelo acordo feito entre a Prefeitura e a Irmandade, a Municipalidade adquiriu, para a Câmara, o edifício da Igreja e as outras dependências, pagando a indenização de duzentos e cinqüenta mil cruzeiros e doando uma pequena área de terreno no Largo do Paissandu, para a construção de uma outra.
Enquanto não se concluíam as obras do novo templo, a Irmandade instalou-se provisoriamente, com todos os pertences, na Igreja de São Pedro da pedra, que ficava no Largo da Sé, onde hoje se localiza a Caixa Econômica Federal.
A pedra fundamental da nova Igreja foi lançada a 24 de julho de 1904.
A trasladação das imagens e a inauguração do novo Templo ocorreram nos dias 21 e 22 de abril de 1906.
A festa marcou época, culminando com a triunfal procissão que partiu da Igreja de São Pedro da Pedra em direção ao Paissandu, passando pelas ruas centrais, engalanadas. A banda de música do maestro Carlos Cruz acompanhou o cortejo.
Todavia, a Irmandade dos Homens Pretos , que administrava a Igreja, foi criada a 2 de janeiro de 1711, quando governava São Paulo o capitão-general D.Antônio de Albuquerque Coelho Carvalho.
O atual juiz provedor é Inácio Braga, que está no cargo há trinta anos. O capelão é o Padre Mateus Nogueira Garcez.
Nos baixos da Igreja, funciona uma Escola Primária, gratuita, mantida pelo SESI, em salão da Irmandade.
A entidade está atualmente construindo um hospital na Vila Maria.
A Igreja é de estilo colonial e nunca passou por restauração na sua estrutura externa. conserva muito do antigo templo da Praça Antônio Prado, inclusive a Imagem da Padroeira – Nossa Senhora do Rosário no altar-mor.
Por sua vez, na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, consta ter existido uma Capela de Nossa Senhora do Rosário, na atual Praça Conselheiro Crispiniano e que foi demolida em 1930 e reedificada na atual Praça do Rosário. pertence à antiga Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Segundo o Relatório do Padre Celestino Gomes d’Oliveira Figueiredo, datado de 1913, essa Capela foi construída em 1863. Mas conforme uma diligência datada de 18 de agosto de 1806, por ordem do Senado da Câmara de São Paulo, cumprida pelo presidente da Câmara, vereador Capitão José Maria da Cruz Almada e pelo procurador José Jacinto Bernardes, determinando a Ignácio de Miranda e a seu pai Manuel de Miranda, a se desapossarem de terras que, sem título, haviam cercado, junto às casas em que moravam, “ao pé da Igreja do Rosário dos Pretos”, a sua existência deve ter sido anterior àquela data.
A nosso ver, três seriam as igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em São Paulo. Todas elas foram construídas por escravos e datam do período colonial. A primeira, indiscutivelmente, seria a do Largo Paissandu.
Ficamos na dúvida, se a segunda seria a de Guarulhos ou a da Penha. Ambas são da mesma época, início do século passado. Contudo, seguindo a tradição popular, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Freguesia de Nossa Senhora da Penha de França é a segunda Igreja dessa Irmandade.
Todavia, hoje ela é apenas conhecida pelo nome de Igreja dos Milagres. Transformou-se, mesmo, numa espécie de sucursal da Igreja de Nossa Senhora da Penha de França, porque vem recolhendo os ex-votos dos fiéis de Nossa Senhora.
É o repositório dos agradecimentos ou o atestado comovedor e sincero de milhares de criaturas agraciadas com as mercês da Virgem Maria.
Os visitantes mais incrédulos talvez alterem até os sentimentos, deparando centenas de fotografias autografadas, véus, grinaldas e trajes nupciais, quepes militares, peças de cera (mãos, pés, braços, pernas, cabeças) aparelhos ortopédicos, peças de vestuário, quadros com cenas dramáticas de acidentes, etc.
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