sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Lavação da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito - Parte 2

Sobre São Benedito, o Santo Negro


São Benedito nasceu na Itália em 1526, filho de etíopes escravizados. Em 1564 entrou para a ordem franciscana dos Frades Menores da Observância e foi para o Convento de Sta. Maria, em Palermo. Nesse convento, como leigo, trabalhou por vários anos na cozinha e diz-se que, nessa época, a comida se multiplicava milagrosamente em suas mãos. Em 1578, foi apontado como Guardião da instituição, cargo que aceitou com relutância, por sua humildade. Sua fama de santidade se espalhou por toda a Itália e, aonde quer que ele fosse, leigos e prelados lhe beijavam a mão e levavam um pedaço de suas vestes. Mais tarde, passou a vicário e a mestre dos noviços do convento. Sua habilidade para interpretar as Sagradas Escrituras impressionava tanto a eles como aos religiosos mais graduados e sua compreensão intuitiva das questões teológicas assombrava os estudiosos. 
Aos 63 anos, Benedito contraiu grave doença e morreu, segundo se diz, no dia e hora que previu, a 4 de abril de 1589. Benedito foi beatificado pelo papa Bento XIV em 1743 e canonizado pelo papa Pio VII em 1807. Ele é padroeiro de Palermo e dos negros da América do Norte e do Brasil. Na América Latina, a devoção a ele vai da Argentina ao México.
Desde o início do período colonial o Brasil conheceu a vitalidade da devoção à São Benedito, padroeiro dos negros e dos pobres, em todo o Brasil, com suas Congadas e Moçambiques.

A devoção católica desde a África

As devoções a São Benedito e a Nossa Senhora do Rosário já vieram prontas do Congo Africano, por obra dos missionários europeus, principalmente portugueses. De forma que proliferaram no Brasil as irmandades e confrarias dos negros e as festas de coroação dos reis.
Estas irmandades e festas tiveram imenso poder de congregar os africanos e afrobrasileiros, pois davam a eles uma identidade social, criavam uma rede de solidariedade e os assistiam depois da morte, enterrando-os em solo sagrado.
Confraria do Rosário em Minas Gerais
A devoção a N.S.do Rosário e S. Benedito não apenas trouxe conforto espiritual para esses negros, que vieram para cá cristianizados, como foi uma forma de controle social de um grande contingente de escravos que, muitas vezes, rivalizava com o de brancos, nas vilas e cidades coloniais, cuja economia era largamente dependente da mão-de-obra cativa. 
As confrarias do Rosário nas Minas Gerais do Século XVIII tiveram um papel social relevantíssimo, em que         pese o enorme contingente negro e miscigenado de sua população e, a exemplo das confrarias de São Paulo, entre outros, tinham os seguintes objetivos: “estímulo maior à solidariedade; fortalecimento do sentimento religioso pela devoção em conjunto; possibilidade de desenvolvimento do culto aos mortos; incremento do desejo de ser alforriado, pela adoção dos princípios de liberdade e a compra cooperativista da respectiva carta; o ensejo das festas coletivas, sem a incômoda fiscalização do 'sinhô'.

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